Retratos...

Esperar a poeira baixar; andar como se não tivesse pressa; deixar a tempestade passar... palavras que eu sei de “cor”. Esse ano tem parecido muito metódico, diria até medíocre... Junho já se finda, e seus dias continuam iguais... poucas novidades e surpresas, muitas igualdades e vagarezas.

Sobre a “vagacidade” de seus dias, eu já não insisto mais em correr ou parar, esperar ou buscar, procurar ou me esconder... na verdade já não me preocupo em entender o que se passa, mas me atenho à aprender tudo, acho que estou passando por um grande ensinamento, é assim que eu me propus a encarar: aprender e entender, e não: entender e aprender. Nessa ordem, sempre !!

"Um continente ao revés, em preto e branco, em hotéis... numa moldura clara e simples, sou aquilo que se vê..."

Viva ao São João .. \o \o !!

Somos gente de fibra, que não se esconde do trabalho e leva um país nas costas... somos labutadores de um mundo novo, somos simples e temos um vocabulário próprio. Somos sofridos, mas felizes; acanhados, mas brilhantes !!

Em junho todos se lembram de nós... Viva ao São João por isso... Somos nordestinos, eu, particularmente, sou do interior do interior do país... Mas tenho tanto orgulho de ter minhas raízes aqui, que não me sinto na necessidade de ir pra canto nenhum... aqui nós ainda podemos, nós ainda  somos, nós ainda sorrimos.

Mas é festa... e disso nós entendemos bem... Têm cheiro de canjica na panela, de milho na espera e pamonha de rodela; tem quadrilha (junina) dançando na rua, tem fogueira queimando, tem gente pulando, tem casal matuto casando; só tem gente do bem, tem cangaceiro também; tem alegria demasiada, tem turista do sul se encantando com a rapaziada... tem o mais acanhado que dança de improviso, tem o mais soltinho que dança com ar de riso. As noites são aquecidas com quentão, com forró do “Gonzagão” e com muita descontração.

É, nós somos assim, quando é pra fazer, fazemos bem feito... Viva ao São João, viva ao Nordeste, viva a toda alegria... e fica a dica: "Olha pra o céu... vê como ele está lindo"

"Solstício de inverno"

É que chega o inverno... a estação mais charmosa;

É que chega o inverno... a estação nebulosa...

Eis que chega o inverno no sul do hemisfério.

Dentre todas as prosas, versos e rimas que embalam o inverno, atenho-me ao frio externo inerente à estação e a esperança do aquecimento dos corações... Sem a dilatação das artérias, fato comum no verão, o inverno é modesto em emoções, super fácil pra quem já tem coração gelado, e um desafio pra quem sempre busca calor, não do sol, mas dos sentimentos.

Inverno contrasta com os festejos nordestinos do São João, fogueiras acesas por dentro e por fora de cada um, grandes rodas, pequenos gestos.

Inverno esconde o que o verão escancara, o que a primavera canta e o outono espera.

Prefiro escrever de menos, é inverno... nada de exageros externos... busco-me, encontro-me... encanto-lhe !!

Remoto Controle

Ter controle é remoto, remoto é distante, distante é difícil...

Já pensou em ter um controle? Tipo... ‘Play’ ‘Pause’ e o melhor de todos... ‘FF’ e ‘Rew’, e ainda tem outro... o ‘Rec’... Pra quem se lembra do vídeo cassete .. eita, eu me lembro muito bem...

Me lembro dos dias em que eu passava o dia inteiro assistindo a enciclopédia de filmes que meu pai trazia de Manaus, lembro-me das tantas vezes que eu chorei ao assistir cinema paradiso, hoje percebo quão parecido essa história com a do meu velho. Tínhamos os vídeos cassetes mais modernos da época, com 7, 8, 12 cabeçotes .. Cara, era muito massa... pegava, eu, o controle remoto e passava as cenas dos filmes que eu não queria ver, voltava as cenas que eu mais gostava de assistir, as que eu não tinha prestado atenção direito e as que eu tinha saído pra fazer alguma coisa, ah... em relação a essa ultima eu ainda dispunha de uma ferramenta mais legal ainda, o ‘pause’ congelava a cena, e saía, quando voltava, estava lá, da forma como eu deixei...

O ‘rec’ era demais, ao ver algo na TV que gostava muito e queria que aquilo ficasse registrado, colocava uma fita nova e gravava aquilo tudo só com um ‘clique’ pra assistir depois tantas e tantas vezes, foram assim com as apresentações dos Mamonas, com os episódios de Jiraya e de tantos outros meus programas preferidos, estão todos gravados nas fitas cassetes, acho que hoje já não servem mais, o tempo vai deteriorando algumas coisas, por outro lado servem, seu quiser passar elas pra algo mais moderno... o DVD, mas não, prefiro conservá-las como fitas e ainda ter meu vídeo cassete.

Assim somos nós, com os nossos controles remotos, gravando tudo aquilo que é bom, parando em tudo aquilo que é seguro, voltando pra resgatar velhos momentos, e acelerando pra fugir das cenas ruins e desagradáveis, feias e tristes do filme real... aproveitemos o fato de termos esse ‘objeto’ tão curioso em nossas vidas.