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Como diria Os Novos Baianos "Vou mostrando como sou e vou sendo como posso". Não sou blogueiro e nem me identifico com o termo "escritor", apenas uso esse espaço pra depositar meus pensamentos em forma de palavras. Paraíbano e riotintense com orgulho.
"Se lembrar de celebrar muito mais..."
(Fernando Anitelli)

sábado, 16 de maio de 2020

Caçador de mim


(imagem via internet)

Procurar as palavras quando elas não querem ser encontradas é tão difícil quanto procurar uma agulha no palheiro. Estar perdido em meio a pensamentos é uma espécie de labirinto onde a cada curva se encontra uma palavra, mas não um contexto.
Faz muito tempo que não publico o que escrevo por achar desnecessário, talvez vil, não sei! Só que a urgência de organizar os sentimentos me leva a refletir e a expelir em palavras o vulcão que há nos pensamentos.
É assim que temos vivido essa “solidão de dia” como diria Cazuza... Solidão das palavras, das pessoas, das ações... Solidão até do que acompanha, e o mais profundo: Solidão dos pensamentos. Sim, imersos todos nesse isolamento, nos deparamos com a solidão e a companhia mais crucial de todas: A nossa própria!
Somos nossos piores inimigos em algumas situações, nos cobramos mais internamente do que o mundo exterior. A agonia de muito de nós é o medo inerte de não gostar de si próprio, da própria companhia e do próprio amor, por sentir medo daquilo que pensa, que sente... daí a procura insana e irresoluta no outro, ou em alguma distração o disfarce perfeito para conotações dissonantes do próprio “eu”, uma fuga, um refúgio, para esconder-se, ao menos momentaneamente do “eu, caçador de mim” como bem sintetizou Milton Nascimento.
O exagero conosco mesmo, os excessos somatizados no corpo e na mente, esbarra decididamente na nossa capacidade de ler as coisas, pessoas e situações. A angústia que muitos de nós sentimos por si sentir só, apenas reflete a natureza frágil e vã de achar que a solução está “lá fora” e não “ aqui dentro”.
Eu sei, parece mais do mesmo, é que diante de uma situação tão atípica, vale a pena refletir um pouquinho sobre o que somos, por que estamos e o que sentimos. Soltar um pouco do peso dos ombros que carregamos desnecessariamente por que acharmos que necessitamos é uma atitude libertadora, de dentro para fora... sempre nesse sentido, pois, vale lembrar, apenas eu estou comigo todo o tempo.