Um completo Otário...
Foi assim que ele se sentiu quando, da pior maneira que considerava possível, descobriu que os dragões eram apenas moinhos de vento... logo ele que disse que não era qualquer notícia que abalava seu coração... ele disse, também, tantas outras coisas... Sentiu-se culpado, policiou-se, achava que estava exagerando, quase pediu desculpas... disse que ia mudar. Mas pra que mudar, não é mesmo?! Se o que vale mesmo é continuar...
Foi daí que ele me disse: “Tem que continuar, não dá pra parar... mesmo não entendendo, não querendo... enfim, mesmo temendo. Afinal, não se trata de desistir, mas sim de seguir, com o que tem.”
Daí eu percebi, sejam lá dragões, jargões, moinhos de ventos, brisas leves ou apenas lágrimas... a gente tem é que continuar mesmo (“se parar o ‘dragão’ pega”). Vi que em meio às lágrimas do moço, existia alguém íntegro, repleto de convicções e satisfeito consigo mesmo... resquício de vivência que se fizera experiência em meio ao caos... Repetiu pra mim, várias vezes, citando William Shakespeare: “Não importa o quanto você se importe, as pessoas simplesmente não se importam...”.
Olho-me mais uma vez, tentou me falar, ainda com a voz trêmula, sobre o caminho lindo que havia sido trilhado até ali, e, ainda com olhos marejados repetiu: “Por que, cara?!” (...)
Daí, eu o fiz pensar sobre a frase de Shakespeare que acabara de pronunciar, quase declamando... ele parou um pouco, deu um sorriso de lado e disse, por fim: “Bem vindo a realidade, né?!”... Era notável sua evolução como ser humano, ele dizia pra si mesmo palavras de boa ventura e não mais sinônimos de desprezo. Percebeu que era melhor ser ofendido, a ofender, ser humilhado, a humilhar...
ser enganado, à enganar.